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quarta-feira, 31 de agosto de 2022

Portal Turístico José Tarlombani


O Portal Turístico na entrada de nossa cidade tem nome, você sabia?


Já fiz uma postagem dele sendo construído aqui anteriormente:

http://ondeficaportouniao.blogspot.com/2012/01/que-estruturas-sao-essas.html


.

Foi inaugurado em dezembro de 2003 na administração do prefeito Eliseu Mibach e em 2011 foi sancinada a seguinte Lei Municipal:

LEI Nº 3.951, de 30 de novembro de 2011. 

Denomina de José Tarlombani o Portal da entrada do Município de Porto União. 

O Prefeito Municipal DE PORTO UNIÃO, Estado de Santa Catarina, faço saber que a Câmara Municipal decreta e eu sanciono a seguinte Lei: 

Art. 1º Fica denominado de José Tarlombani o Portal localizado na entrada do Município de Porto União. 

Art. 2º Esta Lei entra em vigor na data de sua assinatura, condicionada sua validade à publicação no DOM/SC. 

Porto União (SC), 30 de novembro de 2011. 


RENATO STASIAK 

Prefeito Municipal 


ROBERTO BONFLEUR 

Secretário Municipal de Administração Esporte e Cultura


A presente lei foi publicada no Diário Oficial dos Municípios de Santa Cataria e que pode ser acessado através do seguinte link: https://www.diariomunicipal.sc.gov.br/site/?r=site/acervoView&id=179234

Justificativa anexa à Lei:

José Tarlombani nasceu aos dezessete dias do mês de março de um mil novecentos e cinco, no Bairro de Santa Rosa, em Porto União – SC.

Filho de Vitório Tarlombani, natural da Itália, que foi um dos primeiros moradores de Porto União, e de Eudóxia Tarlombani, natural da Áustria.

Casou-se com Ana Alikexeveski Tarlombani aos dezessete dias do mês de julho de um mil novecentos e trinta e sete, na Igreja Matriz de Porto União. Desta união o casal teve duas filhas: Divahyr, casada com Santiago Carneiro Bueno e Terezinha Evani, solteira.

Logo após a união matrimonial, o casal foi residir na Comunidade do Pintado, iniciando a colonização neste local.

O casal deu impulso na construção da primeira Capela da comunidade, pois no dia da primeira festa realizada para este fim choveu, então foi terminada a realização da festa na pequena casa do casal Tarlombani.

José Tarlombani ajudou e lutou para que fosse construída a escola da comunidade, em cujo prédio funcionam regularmente as aulas até hoje.

Trabalhou trinta anos no DER, no trecho da Estrada de Rodagem que vai do Pintado a São Miguel da Serra.

Seu José conhecia todos os recantos do seu querido Município de Porto União e contava a sua história com uma lucidez impressionante.

Faleceu aos seis dias do mês de maio de um mil novecentos e noventa e dois, na sua querida comunidade do Pintado, a qual teve a felicidade de iniciá-la e ajudar no seu desenvolvimento.

Ele já foi pintado de tons de aul anteriormente:






quarta-feira, 17 de agosto de 2022

Km 13 (Reprodução)

Esse post é uma reprodução do Post feito no instagram originalmente no perfil Mergus Projetos e Desenvolvimento  para conferir a postagem original clique aqui.

 O que uma ferrovia e uma Pedreira têm em comum?...


Pedras!
Mas a Ferrovia do Contestado e a Pedreira do KM 13 compartilham muito mais que isso.

E para entender essa história precisamos voltar aos tempos da Guerra do Contestado, que aconteceu entre 1912 e 1916. Nesse período surgiu a Ferrovia que liga o Estado de São Paulo ao do Rio Grande do Sul, que depois ficou conhecida como Ferrovia do Contestado no trecho que passa dentro do Estado de Santa Catarina.

A Ferrovia continuou funcionando até que em meados dos anos 1940 o traçado antigo estava muito ultrapassado para que os trens modernos subissem sem maiores dificuldades a Serra da Taquara Verde em Porto União. A decisão tomada foi a de criar um novo caminho para os trens, e assim nasce a Variante São João, finalizada em 1949.

Ela é um trecho de ferrovia que circunda o morro São João na serra entre Porto União e Matos Costa e a Pedreira está ao lado dos trilhos, no 13º quilômetro da Variante, daí o nome Pedreira do KM 13.

Um dos problemas enfrentados foi o da passagem do rio Pintadinho e do córrego Tapuan no traçado onde os trilhos seriam construídos. A solução foi a construção da ponte sobre a cachoeira do rio Pintadinho e uma galeria para que as água do arroio Tapuan pudessem escoar.


Por fim o último grande obstáculo: o basalto. Para que a ferrovia fosse construída, foi necessário fazer um corte na pedra para que os trilhos passassem.

Tudo isso culminou em cenários únicos e surpreendentes!

E qual o motivo da Pedreira ter sido fundada ali?

Justamente por causa da presença do basalto. E assim temos uma pedreira ao lado de uma ferrovia, o que é muito conveniente, já que o material que vai necessariamente por debaixo dos trilhos de qualquer ferrovia é ... brita!
Na verdade, não sabemos ao certo se a exploração do basalto começou para alimentar a construção da Variante São João ou só depois daquele trecho estar pronto.

Fato é que hoje a Pedreira do KM 13 nos presenteia com paisagens lindas e uma história muito rica. Vale lembrar também que o funcionamento da pedreira envolveu muitos trabalhadores e suas famílias. 

A Pesquisa histórica sobre a Pedreira e os movimentos que ela gerou, tanto econômicos quanto geográficos, reúne relatos de ex-moradores da comunidade do KM 13 e estudos de documentação, realizados na Biblioteca Pública do Paraná, - onde estão alguns dos relatórios da viação “São Paulo Rio Grande” e no 5º Batalhão de Engenharia de Combate de Porto União.

Reforçando que esse texto é uma cópia da postagem feita no perfil Mergus Projetos e Desenvolvimento  para conferir a postagem original clique aqui. Qualquer reprodução desse trabalho, os devidos créditos devem ser dados ao seu criador.







Imagens extraídas da postagem original feita no perfil Mergus Projetos e Desenvolvimento  para conferir a postagem original clique aqui. Qualquer reprodução desse trabalho, os devidos créditos devem ser dados ao seu criador.

Já postei sobre o Km 13 aqui anteriormente nas postagens:

terça-feira, 21 de janeiro de 2020

Origem do nome Legru e Estação Legru

Esta é a primeira de uma série de postagens com assuntos relevantes sobre a história de Porto União, de autoria do meu amigo, Sr. Odilon Muncinelli, publicados na sua coluna Milho no Monjolo no Jornal O Comércio. Fui autorizado a publicar neste blog a informação e estou citando a fonte, peço que quem utilizar essa informação, total ou parcialmente, faça o mesmo, cite a fonte!


COLÔNIA LEGRU
Porto União faz Cem Anos. Conheça um pouco mais da sua vasta História. O banqueiro francês Hector Legru era o principal sócio de Percival Farquhar na Brazil Railway Company, uma empresa ferroviária. Participou da construção do Trecho Sul da Estrada de Ferro São Paulo – Rio Grande do Sul, entre 1906 a 1918. Porém, nunca esteve no Brasil e muito menos em Santa Catarina. No entanto, mesmo assim, a Brazil Railway Company nominou de Hector Legru, duas estações ferroviárias no Brasil. Uma delas, em Santa Catarina, no Município de Porto União. (Mais tarde, mudou de nome para Engenheiro Mello. No entanto, a localidade continua com o nome de Colônia Legru). Daí, o nome da Colônia Legru. Anotação: A Colônia Legru foi formada por imigrantes poloneses. Situa-se a 8 km mais ou menos da cidade. Possui Escola Isolada, edificada em terreno doado pela Companhia Colonizadora Hacker, em 1918. De início, Matias Delay foi o primeiro professor. Depois, as Irmãs Catequistas. E, mais tarde, as professoras normalistas de Porto União. No começo, a Escola também servia de Igreja. Santo Antônio é o seu Padroeiro.

Beira do Iguaçu, Março de 2016.
Odilon Muncinelli é Membro da ALVI e do IHGPr.

Segue abaixo outro texto que corrobora a informação, publicado no site Estações Ferroviárias do Brasil:

ESTAÇÃO DE ENGENHEIRO EUGÊNIO DE MELLO
Município de Porto União, SC
linha Itararé-Uruguai - km 526,971 (1936)           SC-0587
Altitude:           Inauguração: 30.04.1908
Uso atual: demolida           sem trilhos
Data de abertura do prédio atual: n/d (já demolido)



HISTORICO DA LINHA: A linha Itararé-Uruguai, a linha-tronco da RVPSC, teve a sua construção iniciada em 1896 e o seu primeiro trecho aberto em 1900, entre Piraí do Sul e Rebouças, entroncando-se em Ponta Grossa com a E. F. Paraná. Em 1909 já se entroncava em Itararé, seu quilômetro zero, em São Paulo, com o ramal de Itararé, da Sorocabana. Ao sul, atingiu União da Vitória em 1905 e Marcelino Ramos, no Rio Grande do Sul, divisa com Santa Catarina, em 1910. Trens de passageiros, inclusive o famoso Trem Internacional São Paulo-Montevideo, este entre 1943 e 1954, passaram anos por sua linha. Os últimos trens de passageiros, já trens mistos, passaram na região de Ponta Grossa em 1983. Em 1994, o trecho Itararé-Jaguariaíva foi erradicado. Em 1995, o trecho Engenheiro Gutierrez-Porto União também o foi. O trecho Porto União-Marcelino Ramos somente é utilizado hoje eventualmente por trens turísticos de periodicidade irregular e trens de capina da ALL. O trecho Jaguariaíva-Eng. Gutierrez ainda tem movimento de cargueiros da ALL. A variante Jaguariaíva-Fabio Rego foi aberta em 1964 e foi desativada em 1993/4 juntamente com o trecho Itararé-Jaguariaíva, tendo os trilhos arrancados.

A ESTAÇÃO: A estação de Engenheiro Eugênio de Mello foi inaugurada em 1908. O seu nome original era Legru. A data oficial é a de 30 de abril desse ano. Uma notícia veiculada no jornal O Estado de S. Paulo de 16/5/1908 informava essa inauguração. Notícia atrasada em um mês e meio? Nessa época, era possível que sim.

Hector Legru foi o banqueiro francês - e não belga, como muitas vezes aparece - que era um dos sócios de Percival Farquhar na Brasil Railway Co..

Em 1925, a estação passou a se chamar Engenheiro Eugênio de Mello, um dos engenheiros da ferrovia.

Em 1950, foi entregue em local diferente do da estação original uma estação que substituiria a antiga, mas já na variante do morro de São João, entre Porto União e Matos Costa. A velha estação foi desativada e demolida.

"Consegui encontrar os vestígios da estação velha, porém, com a ajuda de um senhor do local. Sem isso, jamais o teria. O local imediatamente atrás da estação foi totalmente desfigurado durante a enchente de 1983. A grande depressão que pode ser vista entre a parte alta e o meu carro, estacionado lá atrás, era uma enorme parte plana que foi levada pelas águas. A coisa foi terrivel. A parte intocada, que pode ser reconhecida na foto antiga (1a à esquerda, abaixo), é a elevação onde estão as casas. Na foto que lhe mandei há algum tempo atrás, o trem está subindo a serra para Mattos Costa. É interessante que poucos conhecem a estação e o próprio local como Mello. O nome forte ainda é Legru" (Nilson Rodrigues, 02/01/2005).



AO LADO: Autorização para mudança de nome da estação (O Estado de S. Paulo, 21/5/1925).

(Fontes: Arthur Wischral; Nilson Rodrigues; ABPF-Paraná; O Estado de S. Paulo, 1925)

Estações Ferroviárias do Brasil é uma página elaborada por Ralph Mennucci Giesbrecht.

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

A Moradia do Coronel Amazonas

Como sempre pairam muitas dúvidas a respeito da Casa do Coronel Amazonas resolvi reproduzir um artigo de um estimado amigo que esse blog me fez ter a oportunidade de conhecer: Odilon Muncinelli.

Acrescento ao artigo uma fotografia onde ao fundo da Ponte Machado da Costa pode ser vista a moradia do Coronel Amazonas e ainda uma reprodução fotográfica da pintura de Helga Will da moradia do Coronel Amazonas citada no mesmo artigo.


Reprodução da Pintura de Helga Will

*Por Odilon Muncinelli*

Vindo de Palmas (PR), o Coronel Amazonas de Araújo Marcondes, o “Mauá Paranaense”, chegou aqui na Beira do Iguaçu, então Freguesia de União da Vitória, no mês de junho de 1.880, onde fixou a sua residência, a sua moradia. E, segundo o historiador Cleto da Silva, – “Logo depois, tornava-se proprietário da Fazenda “Passo do Iguassú”, à margem direita do rio Iguassú. Esse imóvel, no momento presente (1.933), pertence, na sua maior porção, à Exma. Dona Júlia Amazonas, viúva daquele Coronel e a seus filhos. Uma grande área dessa Fazenda, foi, ainda em vida do Coronel Amazonas, dividida em lotes, e estes, vendidos à colonos de diversas nacionalidades”. (in “Apontamentos Históricos de União da Vitória 1.768 – 1.933”, 1.a edição, na página 38).

(Imagem 1)

Todavia, a única moradia ou a única casa onde morou o Coronel Amazonas era tida e havida como um “palacete”, porquanto, o mesmo historiador Cleto da Silva, ao relacionar os moradores de Porto da União, entre os anos de 1.868 e 1876, informa que, – “Antônio de Moura tinha o seu rancho, onde foi construído o palacete do Coronel Amazonas Marcondes”. (in obra citada, na página 32). Por conseguinte, a sua única moradia ou a sua única casa, o dito palacete, estava localizada na parte mais alta da atual Rua Coronel Amazonas, na quadra entre o Clube Concórdia e a Ponte da Estrada de Ferro (a Ponte Machado da Costa), como se observa de uma fotografia estampada no livro “Claro Jansson – O Fotógrafo Viajante”, nas páginas 74-75, que, além do palacete, mostra o acampamento do Regimento de Segurança do Paraná, as chamadas “forças legalistas”, nas proximidades da margem do Rio Iguaçu, durante a Campanha do Contestado, conforme registro feito pela lente de Claro Gustavo Jansson, o fotógrafo do Contestado e dos Tropeiros. (Imagem 1) Outra fotografia, agora de um quadro, publicada na Coletânea do Cinquentenário de Porto União, na página 23, também mostra e retrata o palacete do Coronel Amazonas, tendo em frente um frondoso “sassafrás”, em cuja sombra o Coronel Amazonas teria tomado chimarrão com o Visconde de Taunay.

À sua vez, o professor Nivaldo Antônio Oliskovicz confirma as minhas afirmativas com muita propriedade: – “Esta é a única casa do Cel. Amazonas Marcondes, em Porto União, SC, que se tem comprovação histórica e localização exata. Ficava na parte mais alta da rua de cima, cerca de 30 metros acima do nível do rio Iguaçu, entre o edifício Solar do Porto e a ponte Machado da Costa, onde a Avenida Coronel Amazonas, em Porto União, SC, divide-se em duas ruas. Era de alvenaria. Foi construída antes de 1900, tendo servido como enfermaria do 5º Batalhão, em 1.948, conforme testemunha Cel. Pedro Bonn. Queimou em 1953, restando apenas o trinco da porta da frente e uma grade de ferro que estão guardados como relíquias históricas. (Foto de José Lona Cleto, 1.935 – (…).). Curiosidade: o Coronel Amazonas gostava de sentar-se à sombra do pé de Sassafrás, árvore frondosa em frente ao seu palacete”. (in Entrevistando a Arte, obra inédita). Anotação: Há ainda mais um quadro que retrata o palacete do Coronel Amazonas, quadro esse, que foi pintado pela artista Helga Beate Will Clementino da Silva.Outras referências fidedignas informam e comprovam suficientemente estas minhas afirmativas, a saber: 1. “A 11 de Abril de 1.885, o Coronel Amazonas de Araújo Marcondes, contraiu, em Curitiba, novas núpcias com a Exma. Sra. D. Julia Malheiros Amazonas, que ainda reside no mesmo palacete, construído pelo seu saudoso marido, em Porto União”. (in obra citada, na página 42). 2. No seu testamento, lavrado em Porto União, dois dias antes da sua morte (23-12-1924), o próprio Coronel Amazonas declarou expressamente: “… sou domiciliado na cidade de União da Vitória, Estado do Paraná; minha casa, no momento presente, está na cidade de Porto União, Estado de Santa Catarina, devido ao acordo de limites entre Paraná e esse Estado”. (Cleto da Silva, na obra citada, página 166). 3. “Ambos se hospedaram na residência, ou melhor, na mansão do Coronel Amazonas, …” (Noel Nascimento, em “Casa Verde”, com quatro edições – 1.963, 1.981, 1,985 e 2.001, capítulo V). 4. Por fim, uma última referência menciona o Coronel Amazonas, “Residindo às margens do Rio Iguaçu, numa colina próxima à atual ponte da estrada de ferro, …”. (..).

Acrescente-se ainda que: – “Na sua casa de residência situada à rua de seu nome, hoje do lado sob jurisdição catarinense, mas construída em 1885, sob o domínio paranaense todo aquele território, casa que tem a forma de chalé, de alvenaria de tijolos, estes de sua olaria, com sacadinha de gradil de ferro, área acimentada e sob arcadas, com amplos jardins aos lados e quintal bem cuidado e plantado, ali, o Coronel Amazonas hospedara os Presidentes da Província Drs. Carlos de Carvalho e Visconde de Taunay, ao tempo de Império e, na República, o Bispo D. José de Camargo Barros e mais tarde o Presidente Dr. Carlos Cavalcanti. Outras personalidades de destaque: militares e políticos foram recepcionados nessa residência que ainda é a mesma até os nossos dias e cuja construção foi por ele mesmo, dirigida e planejada. Pode-se dizer que é um belo palacete de onde o Iguaçu é visto até a sua primeira volta. O panorama é magnífico, vendo-se ao fundo as montanhas azuladas que contornam a cidade de União da Vitória. / Sua Exma. Senhora Dona Júlia Amazonas, prendada dama patrícia, ao receber suas visitas, fazia-se ouvir ao piano”. (inCoronel Amazonas de Araújo Marcondes, Ligeiros traços feitos por Cleto da Silva, autor de “Apontamentos de União da Vitória”, em Agosto de 1.947, publicados no Jornal Caiçara, edição do dia 27 de março de 1.972).

Nestes mesmos “ligeiros traços”, o historiador Cleto da Silva informa no quinto parágrafo que o Coronel Amazonas – “Também remava admiravelmente. Quase diariamente, pela manhã, tomava de seu remo e saía de casa ao porto onde tinha a sua canoa predileta, de pequenas proporções e ei-lo, de pé, sozinho a remar para a margem direita onde estava sua Fazenda denominada “Passo do Iguassú”. E remava com muita naturalidade, parecendo não estar dependendo de nenhum esforço para tal. Assim cruzava o rio Iguaçu duas e mais vezes por dia. Do outro lado, apanhava o seu cavalo baio, de “cabos negros” e percorria a Fazenda”.

(Imagem 2 - Foto: Acervo Lulu Augusto)

De outro lado, a conhecida casa de madeira, a dita casa azul, tida como “a casa onde morou o Coronel Amazonas”, localizada no Distrito de São Cristóvão, nunca foi a moradia ao Coronel Amazonas. Mesmo assim, muitos dizem ou escrevem e repetem com palavras e imagens que a conhecida “Vila Maria” é a casa onde morou o Coronel Amazonas. Ledo engano! Na verdade, a referida casa era de sua propriedade, utilizada como sede da sua Fazenda “Passo do Iguassú”. Aliás, segundo a informação oral, naquele local existiram duas casas. A primeira foi demolida (dizem que foi construída por volta de 1880) e a segunda (a atual) foi construída no ano de 1.946, como se observa da fotografia de Lulu Augusto, mas, o Coronel Amazonas nunca morou em nenhuma delas. (Imagem 2) Quem morou ali foi a família do seu filho, Amazonas Marcondes Filho, mais conhecido como “Amazoninhas” , que era casado com dona Sarah Pimpão Marcondes. (Tanto que, no portal da casa, ainda existe – conforme registros fotográficos – uma pequena placa oval com as iniciais “AMF” que significam Amazonas Marcondes Filho). O casal tinha três filhas Maria Josefa (a Mimi), Maria Júlia e Maria da Conceição, as três Marias, daí a origem da denominação “Vila Maria”.

À sua vez, e mais uma vez, o professor Nivaldo Antônio Oliskovicz assevera que: – “… a casa dos Amazonas em São Cristóvão, onde o Cel. Amazonas nunca morou. Foi construída por Silvio Correia – genro do Coronel Amazonas – por volta de 1.920, obedecendo o traçado da estrada de ferro que foi estendida em 1.904. / A edificação dessa casa respeitou o terreno da rede e a rua que passa em frente, sendo locada legalmente, quando já havia um plano urbanístico no local. Caso contrário, se tivesse sido construída antes de 1904, estaria virada para o sol nascente ou para a cidade, e não para a rua como está. Também serviu de residência por breve período ao Dr. Penido Monteiro, por longo tempo pelo Amazoninha – filho do Coronel – e, por último, por Ilkes Correia. / Em torno dessa casa permeiam muitas lendas e fantasias, sem consistência histórica, inclusive sobre o profeta João Maria que esteve em União da Vitória, em 1.896, 20 anos antes de tal casa ser construída, fazendo profecia sobre ela, (…)”. (in Entrevistando a Arte, obra inédita).

Além disso, diante das minhas afirmativas e comentários na Coluna Milho no Monjolo, em várias edições do Jornal O Comércio, o jornalista e confrade Ivo Dolinski escreveu que: – “O primeiro prefeito de União da Vitória, coronel Amazonas Marcondes residia bem nas proximidades do Clube Concórdia, na rua que tem o seu nome”. (in Jornal A Cidade, edição n.o 701, do dia 10-08-2.012, página 5).

Ademais, “a Casa do Coronel Amazonas”, localizada no Distrito de São Cristóvão, está tombada ao “Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural do Município de União Vitória”, nos termos do Decreto n.º 90, de 27 de Agosto de 2.003, publicado na imprensa local e registrado no Livro Tombo do Município, com a finalidade de transformá-la em um centro de documentação, memória e pesquisas. Nota: Além de “a Casa do Coronel Amazonas”, a imprensa fala em “Casa da Família Amazonas”, “Casa Coronel Amazonas”, “Casa Amazonas”, “Casarão dos Amazonas”, “Casarão Amazonas” ou apenas “Casarão”. E a lenda fala em “a residência do Coronel Amazonas”, sem nenhum apoio histórico, como já foi dito anteriormente.

Posteriormente, no ano de 2.005, “a casa do Coronel Amazonas” foi cedida pelo Município de União da Vitória à FAFI de União da Vitória, a título de comodato, por 10 (dez) anos, a fim de transformá-la em um Arquivo Histórico. Todavia, no dia 08 de agosto de 2012, mediante ofício, aquela Instituição de Ensino Superior rescindiu a cessão em comodato e devolveu a mencionada casa, tida como “histórica”, em razão de que a sua restauração é praticamente inviável, financeira e tecnicamente. Anotação: Segundo a lei civil, o comodato é um contrato unilateral, gratuito, não solene, pode ser oral, mas a forma escrita é recomendável.

No ano passado (2.012), atendendo convite da professora e confreira Lili Matzenbacher, proferi uma palestra dirigida às senhoras da Associação da Faculdade da Terceira Idade (AFATI) sobre“História Local: A Moradia do Coronel Amazonas”, um assunto polêmico e do momento. Porquanto, a nossa História Local estava sendo mal contada, e assim repassada, num efeito dominó. Quer dizer, um comentarista começou errado e os outros continuaram errando.

Atualmente, fala-se que o Município de União da Vitória vai promover a restauração completa da“Casa do Coronel Amazonas”, a fim de transformá-la em um Arquivo Histórico, apesar da sua estrutura externa e interna se encontrar seriamente comprometida pela ação do tempo, quase que irrecuperável.

Beira do Iguaçu, 27 de Março de 2.013

Esse artigo também está disponível no endereço:
http://www.vvale.com.br/geral/artigo-a-moradia-do-coronel-amazonas/

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Documentos Históricos

Outro dia enquanto procurávamos uns documentos antigos nos arquivos da prefeitura, nos deparamos com os documentos abaixo, que aparentemente não havia razão específica para estar arquivados na prefeitura,  mas seja lá qual for a razão de estarem ali, estavam bem conservados.

Trata-se de um título de Eleitor emitido em 1934 e de um Certificado de Registro de Tração Animal de 1944 do Sr. Luiz Canalli nascido à 8 de novembro de 1891 e que residia à Rua Prudente de Morais, 54 e era ferroviário.

Achei tão interessante os documentos que resolvi postar aqui no blog.

Clique na imagem para ampliar


quinta-feira, 24 de maio de 2012

Especial Propagandas Antigas II

Devido aos diversos comentários que recebi, não aqui no blog, mas pessoalmente, em diversos locais por onde andei, resolvi repetir a dose com mais algumas propagandas que retirei de algumas edições dos jornais "O Comércio" e "Caiçara" do ano de 1989.

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quinta-feira, 12 de abril de 2012

Liga Pró-Língua Nacional


Essa postagem não é como as tradicionais postagens de desafio que normalmente faço para testar os conhecimentos dos que conhecem Porto União. Depois de 8 meses e 264 postagens de desafios, tenho que confessar que estou um pouco cansado de, quase que diariamente, fazer absolutamente o mesmo tipo de coisa. Não vou deixar de fazer postagens de desafio, ocasionalmente vou publicá-las, mas não com a mesma periodicidade. Com o material que tenho em mãos sei que posso oferecer mais do que as simples postagens que vinha fazendo, posso contar pequenas partes da história de Porto União. Uma delas é a essa:

Quando fui juntamente com o responsável pelo setor de Patrimônio da Prefeitura de Porto União, fazer o levantamento de todas as escolas do interior de Porto União,  encontramos diversos documentos antigos, mas um pequeno caderno em uma das escolas desativadas, na comunidade de São José do Maratá, despertou minha atenção.


"Livro de atas da Liga Pró-Língua Nacional"

Já tinha lido algo a respeito, mas naquela época não tinha muita informação sobre o assunto. Então fui pesquisar e achei o seguinte:

Em Santa Catarina, muitas escolas eram perseguidas, através de legislação restritiva criada após o fim dos conflitos armados.

O Decreto-Lei nº 868 de 18 de novembro de 1938 criou, no Ministério de Educação, a Comissão Nacional de Ensino Primário. Essa tinha como um dos seus objetivos a definição de ações de nacionalização integral do ensino primário de todos os núcleos de população de origem estrangeira.

Já o Decreto-Lei nº 1.006 de 30 de dezembro de 1938, por sua vez, normatizou o livro didático, proibindo o uso de publicações que não fossem estritamente escritas em língua nacional no ensino primário .

Depois, o Decreto-Lei nº 3.580 de 3 de setembro de 1941 enfatizou a proibição de importação de livros didáticos para uso no ensino primário, bem como a produção, no Brasil, de livros escritos total ou parcialmente em língua estrangeira.

Em Santa Catarina, a interpretação e desdobramento dessas leis causaram um impacto bastante traumático para a população teuto-brasileira, e que se intensificaram com o clima trazido pela Segunda Grande Guerra.

Com base nesses fatores, a propaganda anti-alemã no Brasil continuava a identificar entre os estados sulistas, dada a grande imigração alemã que receberam, como vulneráveis à insubordinação teuto-brasileira e à adesão à Alemanha.

O caráter proibitivo ficou mais evidente, no que diz respeito aos direitos linguísticos e educacionais da comunidade teuto-brasileira, no Decreto-Lei nº 88 de 31 de março de 1938, que estabeleceu as normas relativas ao ensino primário em escolas particulares. 

O decreto obrigava as escolas particulares a tirarem uma licença do Governo para seu funcionamento. A concessão era vinculada ao cumprimento de muitas exigências, dentre as quais destaco:

  • prova de serem brasileiros natos os professores da língua nacional, geografia, história da civilização e do Brasil e de educação cívica e moral, em todos os cursos.
  • dar em língua vernácula todas as aulas dos cursos pré-primário, primário e complementar, inclusive as de educação física, salvo quando se tratar de idioma estrangeiro.
  • usar exclusivamente a língua nacional quer na respectiva escrituração, quer em placas, cartazes, avisos, instruções ou dísticos, na parte interna ou externa do prédio escolar.
  • Os mapas, fotografias, estampas, dísticos ou emblemas, assim nas salas de aula, como em qualquer outra parte do prédio escolar, não poderão perder o característico de brasilidade.
  • Excetuados os estrangeiros que sejam hóspedes oficiais do Governo do Estado, nenhum orador, ou conferencista, poderá expressar-se, nas reuniões ou comemorações escolares, senão em língua nacional.
  • Fechar-se-á definitivamente o estabelecimento, quando ministrar o ensino de língua estrangeira a crianças que não tenham o curso primário no idioma nacional. 
Por esse nível de exigência, muitas escolas foram fechadas e impossibilitadas de serem reabertas. Poucas conseguiram permaneceram na clandestinidade, desenvolvendo o ensino com base em seus recursos. Com o agravamento da perseguição gerado pela Guerra, todas as escolas teuto-brasileiras foram fechadas, sendo algumas assumidas pelo Estado e consequentemente transformadas em escolas públicas.

Respaldado pelo Decreto 88, o governo baixou então o Decreto-Lei nº 124 de 18 de junho de 1938, criando a Inspetoria Geral das Escolas Particulares e Nacionalização do Ensino, a qual criou a Liga Pró-Língua Nacional.

A Liga Pró-Língua Nacional foi criada com o objetivo expresso de fomentar nos alunos o interesse pela defesa e difusão dos valores nacionais. Aliada à isso, as atividades propostas pela Inspetoria envolviam a valorização e, em alguns casos como aqui em Porto União, a exaltação de todos os traços da cultura e do Estado brasileiro, entre outros, a língua portuguesa. Isso pode ser visto claramente nos textos do livro de atas: 

O impacto traumático a que me referi acima pode ser claramente identificado no texto da ata quando cita: "o esforço de não falar outra língua se não a portuguesa".

Havia uma cobrança muito grande sobre incutir nos teutos-brasileiros o espírito de brasilidade, como podemos ver no trecho "Tendo em seguida o Sr. Professor feito uma preleção referindo-se a esta associação e achou que não está sendo cumprida conforme deveria ser. Pois encontrou nela pouco espírito de brasilidade. E que, talvez, os membros da Diretoria não entenderam bem qual a sua finalidade". Na sequencia da ata o professor ainda cita que a Liga Pró-Língua Nacional existe em localidade onde há apenas brasileiros natos e que sua função é justamente "incutir na ideia da criança o sentimento de brasilidade".

Havia uma cobrança não só para que se falasse a língua pátria nas escolas mas sim em tempo integral e aonde quer que estivessem. Vemos isso no trecho "Pediu-nos ainda que nos esforçássemos em falar melhor e com maio prazer a língua nacional o português, que mesmo na rua e em casa falássemos entre nós em português porque assim tudo na escola se tornará mais fácil para compreender".  
Ainda falando do trauma que as crianças sofreram naquela época, vemos no trecho "que nunca rissemos dos que ainda não sabem falar e que nos corrigíssemos entre nós sem ofender um ao outro".

"Queremos ver nosso Brasil triunfar" assim eram justificadas as correções feitas, pela professora e pela secretária, na pronúncia quando alguém falava alguma palavra errada.

Já nessa outra ata podemos ver o emprego de um novo expediente para supostamente facilitar a pronúncia das palavras em português: "o ditado diário de palavras". Em muitas das atas que li, há um sentimento de patriotismo muito grande, e que pode ser visto no trecho "não queremos só ter o nome de brasileiros, mas sim sermos verdadeiros brasileiros. Bem assim como disse o grande herói Lauro Severiano Muller 'quem nasceu no Brasil e não é brasileiro, é traidor'".

Nessa ata finalmente podemos ter um exemplo do que era corrigido na pronúncia das crianças; "que não devemos também confundir o 'b' com o 'p' nem o 'd' com o 't' e assim por diante". 

Posso concluir que esse deve ter sido um período extremamente difícil para essas crianças pois muitas delas foram aprender o português na escola, sem nunca antes ter tido o contato com a nossa língua nacional, pois muitos imigrantes falavam em casa apenas a língua do seu país de origem. Podemos ver que as atas acima citadas são de um período de cerca de 6 anos da década de 50, o Decreto Lei que criou a Liga Pró-Língua Nacional data de 1938. Durante muitos anos houve a perseguição ao idioma estrangeiro e em defesa da língua nacional, o que ocasionou que hoje muitos descendentes de imigrantes deixaram de aprender a língua de seus patriarcas em função dessa proibição. 

Esse foi o prédio que abrigou a Escola Mista Estadual Almirante Barroso em São José do Maratá:


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